quinta-feira, 25 de março de 2010

Montenegrina fala sobre Caminhada em São Paulo

A artesã Simone Schäeffer foi a única montenegrina que participou da Marcha de São Paulo, promovida pela Marcha Internacional das Mulheres, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, no início do mês de março. A caminhada partiu de Campinas, interior de São Paulo e seguiu até a capital paulista. Em cada cidade, havia atividades referentes às lutas feministas.


A seguir, o relato da artesã, publicado na edição desta sexta-feira do jornal O Progresso;

“Os debates foram muito ricos, pois além das painelistas, tínhamos opiniões de mulheres de todo o Brasil, o que proporcionava um recorte de regionalização. Cada estado tem suas particularidades...

A Caminhada(cerca de 12km diários) era animada com batucada e palavras de ordem.As gaúchas eram uma das delegações mais animadas. Aliás, foi uma gaúcha (Gerusa) que compôs uma música que terminou sendo escolhida a música da Ação no Brasil. Produzimos, durante a Marcha, uma oficina de estamparia e confecção de dois vestidos gigantes (2m cada vestido). Estes vestidos foram usados por duas bonecas gigantes na chegada em SP, e agora serão enviados um para a Colômbia e um para a República do Congo onde em outubro se encerrarão as atividades da Marcha na sua terceira Ação Internacional.

Mulheres de vários movimentos, como MST, Via Campesina, CONTAG,FETAG, Sindicatos, Movimentos Estudantis e outros fizeram parte desta Marcha.

Ocupar e "congestionar" a Via Anhanguera, um dos principais fluxos de caminhões pesados do Brasil foi emocionante. Foi o momento de ver todos os olhares para mais de 2.500 mulheres que marchavam de maneira organizada e representavam todas as milhões de mulheres Brasileiras por um mesmo ideal: "Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres!"

A atividade também serviu para um crescimento pessoal. As acomodações variavam em cada cidade: algumas cidades éramos acolhidas em ginásios, em outras, lonas enormes...

Os colchões eram esticados e dormíamos todas lado a lado. Foram momentos de muita "solidariedade". Muito creme com mentol e cânfora para massagear as pernas, solidariedade na hora de tomar banho, afinal, éramos 2.500 mulheres e às vezes só tínhamos 20 chuveiros (frios).Solidariedade na hora de distribuir comida, e principalmente solidariedade na hora da saudade... Muitas vezes nos deparamos abraçadas pela primeira vez com aquela companheira de luta, que sentia saudades do filho pequeno que ficou em casa, saudades da família de um modo geral...saudades do conforto que muitas vezes temos e nem valorizamos...

Penso que é mais ou menos isto...as emoções e sentimentos brotam aos poucos, e a nossa tarefa não acaba aqui...

" Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres!"

falasefatos.com.br

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